Archive for 2012

Uma única coisa


Existem certos momentos na vida onde cada pessoa se indaga sobre o sentido de sua existência. Muita das vezes esses momentos ocorrem em datas festivas de final de ano, ou durante momentos difíceis e dolorosos, ou até mesmo em momentos comuns onde o vazio da alma é tão grande que busca explicações a fim de compreender a razão de viver. Sabemos que o vazio daqueles que não estão em Cristo só pode ser preenchido por Ele. Porém, tenho refletido, com muito temor, sobre como muitos cristãos vivem em um profundo vazio, diferente daqueles que não se arrependeram, porém tão intenso e doloroso quanto.

Pode parecer um tanto quanto paradoxal, mas acredito que o motivo pelo qual muitos cristãos encontram-se vazios tem relação a quantidade de coisa para/com a qual vivem. Ser ocupado e atarefado se tornou um status na sociedade pós moderna. O apelo da sociedade do consumo incentiva todos a trabalhar mais, para ter mais. Se pararmos para refletir um pouco veremos que a maior parte das coisas que nos preocupamos e gastamos nosso tempo e dinheiro são em coisas desse mundo. Qual a primeira coisa que você pensa quando acorda? Em que você dedica mais tempo, dinheiro e esforço? Se você pudesse fazer um pedido a um “gênio da lâmpada”, o que você pediria? Pense! Reflita!
Um homem chamado Davi, em muitos de seus salmos, expressou o desejo do seu coração. Porém, em um deles ele revela claramente seu desejo pedindo uma coisa ao Senhor.

“Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário 
Salmos 27:4”. 

Davi pediu apenas uma coisa. Será que se tivéssemos a chance de fazer um pedido à Deus neste momento pediríamos isto?
As muitas coisas deste mundo que enchem a nossa vida não são capazes de preencher o espaço que é Dele. Somos salvos, não vamos para o inferno, mas há algo que vai muito além disso. O Deus todo poderoso me ama e quer estar comigo. Por que então dedicar minha vida a coisas fúteis e passageiras desse mundo?

“Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem- aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras”.
Tito 2:11-14

O desejo do Senhor em voltar para se casar com a igreja precisa ser a causa pela qual vivemos. Somos peregrinos nesse mundo. Vivemos aqui, mas não somos daqui. Enquanto vivermos uma vida vidrados em ter e ser algo neste mundo continuaremos com esse vazio atormentador, pois não estaremos vivendo aquilo para o qual fomos chamados a ser.

“...mas rejeita as fábulas profanas e de velhas. Exercita-te a ti mesmo na piedade.
Pois o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa da vida presente e da que há de vir “.
I Timóteo 4:7 - 8

A palavra piedade vem do grego eusebéia que significa andar de acordo com o que se crê. Portanto, se cremos em Cristo e realmente fomos salvos, que vivamos de acordo com essa verdade. Livres dos prazeres e paixões desse mundo, vivendo nesse mundo sabendo que não pertencemos à ele e que a causa pela qual vivemos é tão nobre e apaixonante que todas as outras coisas se tornam pequenas e inúteis. Viver somente para Cristo e buscar somente uma coisa, preencherá o nosso coração com vida e direcionará nossas atitudes e decisões, manifestando dessa forma a vida Dele que habita em nós. Não há mais nada o que se esperar desse mundo.
Viver somente para ele não significa se tornar um monge, mas sim, mesmo com a correria do trabalho, faculdade e afazeres cotidianos, o coração permanecer fito Nele, sabendo e lembrando sempre por que causa vivemos, lembrando da promessa da sua volta. Esse é o desafio! O apelo do mundo em convencer as pessoas a gastarem a sua vida nessa terra com aquilo que ela tem a oferecer é grande, porém, muito maior é aquilo que buscamos e aquilo pelo o que vivemos.
Talvez você possa querer continuar sendo apenas um salvo, mas saiba que você pode ser um dos vencedores de apocalipse que terá poder sobre as nações (Ap2:26), comerá da árvore da vida (Ap 2:7), se assentará no trono com o Pai (Ap 3:21), comerá do maná escondido, ganhará a pedra branca com um novo nome escrito que ninguém conhece se não quem a recebe (Ap 2:17) e outras coisas mais.  Mas este assunto tratarei melhor na próxima parte dessa série de textos.
Meu desejo nesses dias é que vivamos a plenitude daquilo para o qual fomos chamados. Viver por Ele e para Ele aguardando a promessa da sua volta e nos preparando enquanto igreja e noiva do Senhor.


Por Luzia Gavina


Deixo aqui a canção dos amigos Fábio e Danielly Bravo, a fim de que essa reflexão se torne revelação e que um peso de responsabilidade sobre essa palavra encarne em nós.



2 Comments

Consumidos pelo fogo



“Virei-me para ver quem falava comigo. Ao me voltar, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros,  havia alguém semelhante a um ser humano, vestindo uma túnica longa e uma faixa de ouro na altura do peito.  Sua cabeça e os cabelos eram brancos como a lã, tão brancos como a neve, e seus olhos, como uma chama de fogo”. (Ap  1:12-14)

João não viu apenas uma chama nos olhos de Jesus. João viu um pouco do fogo que há no interior de Deus, o fogo que o consome totalmente.  Os olhos serviam como uma janela que mostrava o que havia em seu interior. Tal fogo simboliza o desejo, o anseio, a paixão e o amor de Deus por sua noiva. Ele deseja que este fogo que queima em seu interior queime e permaneça em nós também.
No Evangelho de Mateus, capítulo três, João Batista diz: “Eu, na verdade, vos batizo com água, tendo por base o arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu; (...) ele vos batizará com o Espírito e com fogo” (Mt 3:11). O batismo com o Espírito e com o Fogo a qual João batista se refere tem seu cumprimento em Pentecostes. “De repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram umas línguas como de fogo, distribuídas entre eles, e sobre cada um pousou uma. Todos ficaram cheios do Espírito Santo (...)” (At 2:2-4). As chamas de fogo que desceram sobre os discípulos vieram do interior de Jesus através do Espírito Santo, enchendo-os do Espírito. Os discípulos foram batizados com o desejo, anseio, paixão e amor do próprio Deus.
Acredito que todo aquele que nasce de novo e é batizado no Espírito Santo recebe esse fogo, assim como aconteceu com os discípulos em Pentecostes. Então me pergunto: Se eu nasci de novo e fui batizada no Espírito Santo, por que não vejo esse fogo queimar em mim? Por que não sou consumida com esse fogo de amor e paixão como os discípulos eram?  Por que não vivo uma vida queimando por Jesus? Tenho pensado nessas questões há algum tempo e conversando com alguns irmãos tenho chegado a uma conclusão. Deixamos o fogo apagar!
Fomos salvos, batizados nas águas, batizados no Espírito, recebemos o fogo de Jesus, mas deixamos de ser quentes. Nos tornamos mornos. Tal situação tem me gerado um grande temor, afinal, Jesus vai vomitar o morno (Ap 3:16). A chama precisa queimar e permanecer acesa continuamente. “A Tenda do Encontro, do lado de fora do véu que se encontra diante das tábuas da aliança, Arão e seus filhos manterão acesas as lâmpadas diante do Senhor, do entardecer até de manhã. Este será um decreto perpétuo entre os israelitas, geração após geração" (Êx 27. 20, 21)
Durante um churrasco com alguns irmãos fiquei observando a churrasqueira.  Assim que se acende uma churrasqueira nasce uma grande chama. Para não queimar a carne molhamos um pouco o carvão para a chama diminuir, porém as brasas não param de queimar, só a chama diminui. Se esperarmos mais um pouco percebemos que o fogo começa a diminuir ao ponto de não assar bem a carne, então normalmente pegamos alguma coisa para abanar a churrasqueira a fim de que a chama aumente novamente e cumpra a sua função, assar a carne.
Vejo que acontece algo parecido conosco. Ao sermos batizados com o Espírito e com fogo, é acesa uma grande chama em nós. Essa chama queima durante um período, mas com o passar do tempo as coisas desse mundo, que roubam nosso desejo por Deus, começam a tentar apagar essa chama. Essa é a água que o churrasqueiro espirra nas brasas a fim de que a carne não queime. São os desejos por comida, dinheiro, luxo e bem-estar, são as coisas que nos apegam a esse mundo. Porém, mesmo não tendo uma chama acesa as brasas continuam queimando, mas é necessário que alguém abane as brasas para que a chama surja novamente. Dá mesma forma somos nós. Ainda que a chama esteja apagada, ainda há fogo. É necessário que o Senhor sopre sobre nós (nos abane) e que permaneçamos juntos como igreja e família, da mesma forma que as brasas na churrasqueira, só assim a chama voltará a queimar com intensidade, queimando a carne por completo.
Talvez seja duro, depois de tantos anos como cristão, reconhecer que a chama se apagou, porém a mornidão é perigosa. A pessoa morna pode ter certeza que é quente enquanto não é.  Pode crer que a chama está queimando, quando na verdade não está. Antes reconheçamos que nossa chama apagou para que assim o Senhor possa acendê-la novamente.
Quando essa chama voltar a queimar, creio que veremos coisas que jamais sonhamos em ver. Sinto algo novo no ar. Sinto que há algo para acontecer nesses dias e acredito que seja algo relacionado com isso. É tempo da chama voltar a queimar.  Que o Senhor sopre sobre nós nesses dias e que juntos, unidos em uma só ira (Atos 4:24), prossigamos para o alvo que é Cristo, a fim de sermos consumidos por completo pelo fogo de Jesus.

Leave a comment

A noiva esqueceu o casamento?



Ultimamente tenho refletido como a igreja se sente confortável aqui na terra. Vivemos como se pertencêssemos a este lugar e nele permaneceremos para sempre. Enquanto a igreja ajunta tesouros na terra e se preocupa em construir uma vida boa, agradável e segura aqui, uma festa de casamento está sendo preparada na eternidade. Mas parece que a noiva do tal casamento esqueceu que o mesmo está se aproximando.
O noivo, Jesus, um dia veio a terra, conquistou uma noiva, a Igreja, e a deixou aqui na terra com a promessa que retornaria para casar-se. Muito tempo se passou, mas a promessa continua a mesma. Há um casamento para ser preparado!  Jesus anseia voltar a terra para se casar com sua noiva (Ap 19:7). Todavia a igreja encontra-se muito ocupada com outras coisas, deixando dessa forma os preparativos do casamento de lado.
O livro de cantares apresenta uma figura profética da igreja do Senhor nesses dias. A noiva de Cantares procura seu noivo em todos os lugares, porém, no capítulo 5, seu noivo bate a sua porta e a chama, então ela responde: “Já tirei a minha túnica? Terei de vesti-la novamente? Já lavei os meus pés. Terei de sujá-los novamente?” (Cantares 5:3). Talvez seja essa a resposta que nós como igreja temos dado ao noivo que bate a porta. Estamos muito preocupados, ocupados e interessados em nossa própria vida. Estamos preocupados em ter uma boa casa, um bom emprego, um bom carro, uma vida segura e estável na terra. Vivemos essa vida como se não existisse algo além, como se pertencêssemos a este lugar!
Participamos de reuniões da igreja, damos nosso dízimo, ouvimos músicas cristãs, temos um linguajar politicamente correto, mas a verdade é que achamos que a vida aqui na terra está muito boa, estamos tão confortáveis! Aprendemos a viver sem Ele e gostamos disso.  Adaptamos nosso modo de vida eclesiástico a esta mentalidade, impregnamos essa mentalidade até mesmo em nossos sermões e músicas. A mensagem pregada nos púlpitos da maioria das igrejas hoje oferece às pessoas uma vida de vitória com as bênçãos do Senhor, mas sem o Senhor. Buscamos argumentos bíblicos para justificar nosso apego por esse mundo.
O livro de Oséias traz uma realidade muito familiar a nossa. O profeta Oséias casa-se com uma mulher adultera, “porque a terra adulterou, apartando-se do Senhor” (Oséias 1:2). Da mesma forma, o Senhor ainda deseja se casar com sua noiva, mesmo sendo esta uma mulher adultera. Porém, no capítulo 2, verso 14 do livro de Oséias o Senhor diz “Todavia eu a atrairei, a levarei para o deserto e lhe falarei ao coração” . No original este versículo diz mais ou menos assim: “Todavia eu vou seduzi-la, vou carregá-la para o deserto e cantarei ao seu coração”.
Minha esperança está no fato de que de alguma maneira o Senhor nos atrairá à Ele. Creio que a noiva que hoje se encontra numa posição de mulher adultera será transformada, será lavada (Efésios 5:26), limpa e purificada para finalmente se casar.

“Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará meu marido; e não me chamará mais meu Baal” (Oséias 2:16).

Por Luzia Gavina

Leave a comment

Saudades de quem ainda não conheço

No silêncio de um profundo vazio me interrogo sobre minha contradição. Tê-lo em mim não é suficiente para estar Nele?
A busca da noiva pelo noivo é o que torna a história uma história de amor. Se a busca não acontece tudo fica como um filme chato que ninguém se interessa de ver o final. Ou como um livro sem emoção que não desperta o interesse de lê-lo até o fim.
A busca da amada por seu amado gera um mistério, desperta uma expectativa e um anseio pelo encontro dos dois apaixonados.
Desejá-lo todos  dias gera mais saudades, desata uma incansável e desesperada espera pelo encontro com Ele. Sempre que me  esqueço disso a vida  fica chata, uma nostalgia toma conta de mim. Mas logo me vem uma saudade de algo que ainda não vivi, de alguém que ainda não conheci. Não há mais nada que valha a pena do que viver nessa longa espera pelo Dia do Encontro.
Isso, apenas isso, faz a vida valer a pena, buscá-lo e esperá-lo.

1 Comment
Tecnologia do Blogger.