Consumidos pelo fogo



“Virei-me para ver quem falava comigo. Ao me voltar, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros,  havia alguém semelhante a um ser humano, vestindo uma túnica longa e uma faixa de ouro na altura do peito.  Sua cabeça e os cabelos eram brancos como a lã, tão brancos como a neve, e seus olhos, como uma chama de fogo”. (Ap  1:12-14)

João não viu apenas uma chama nos olhos de Jesus. João viu um pouco do fogo que há no interior de Deus, o fogo que o consome totalmente.  Os olhos serviam como uma janela que mostrava o que havia em seu interior. Tal fogo simboliza o desejo, o anseio, a paixão e o amor de Deus por sua noiva. Ele deseja que este fogo que queima em seu interior queime e permaneça em nós também.
No Evangelho de Mateus, capítulo três, João Batista diz: “Eu, na verdade, vos batizo com água, tendo por base o arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu; (...) ele vos batizará com o Espírito e com fogo” (Mt 3:11). O batismo com o Espírito e com o Fogo a qual João batista se refere tem seu cumprimento em Pentecostes. “De repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram umas línguas como de fogo, distribuídas entre eles, e sobre cada um pousou uma. Todos ficaram cheios do Espírito Santo (...)” (At 2:2-4). As chamas de fogo que desceram sobre os discípulos vieram do interior de Jesus através do Espírito Santo, enchendo-os do Espírito. Os discípulos foram batizados com o desejo, anseio, paixão e amor do próprio Deus.
Acredito que todo aquele que nasce de novo e é batizado no Espírito Santo recebe esse fogo, assim como aconteceu com os discípulos em Pentecostes. Então me pergunto: Se eu nasci de novo e fui batizada no Espírito Santo, por que não vejo esse fogo queimar em mim? Por que não sou consumida com esse fogo de amor e paixão como os discípulos eram?  Por que não vivo uma vida queimando por Jesus? Tenho pensado nessas questões há algum tempo e conversando com alguns irmãos tenho chegado a uma conclusão. Deixamos o fogo apagar!
Fomos salvos, batizados nas águas, batizados no Espírito, recebemos o fogo de Jesus, mas deixamos de ser quentes. Nos tornamos mornos. Tal situação tem me gerado um grande temor, afinal, Jesus vai vomitar o morno (Ap 3:16). A chama precisa queimar e permanecer acesa continuamente. “A Tenda do Encontro, do lado de fora do véu que se encontra diante das tábuas da aliança, Arão e seus filhos manterão acesas as lâmpadas diante do Senhor, do entardecer até de manhã. Este será um decreto perpétuo entre os israelitas, geração após geração" (Êx 27. 20, 21)
Durante um churrasco com alguns irmãos fiquei observando a churrasqueira.  Assim que se acende uma churrasqueira nasce uma grande chama. Para não queimar a carne molhamos um pouco o carvão para a chama diminuir, porém as brasas não param de queimar, só a chama diminui. Se esperarmos mais um pouco percebemos que o fogo começa a diminuir ao ponto de não assar bem a carne, então normalmente pegamos alguma coisa para abanar a churrasqueira a fim de que a chama aumente novamente e cumpra a sua função, assar a carne.
Vejo que acontece algo parecido conosco. Ao sermos batizados com o Espírito e com fogo, é acesa uma grande chama em nós. Essa chama queima durante um período, mas com o passar do tempo as coisas desse mundo, que roubam nosso desejo por Deus, começam a tentar apagar essa chama. Essa é a água que o churrasqueiro espirra nas brasas a fim de que a carne não queime. São os desejos por comida, dinheiro, luxo e bem-estar, são as coisas que nos apegam a esse mundo. Porém, mesmo não tendo uma chama acesa as brasas continuam queimando, mas é necessário que alguém abane as brasas para que a chama surja novamente. Dá mesma forma somos nós. Ainda que a chama esteja apagada, ainda há fogo. É necessário que o Senhor sopre sobre nós (nos abane) e que permaneçamos juntos como igreja e família, da mesma forma que as brasas na churrasqueira, só assim a chama voltará a queimar com intensidade, queimando a carne por completo.
Talvez seja duro, depois de tantos anos como cristão, reconhecer que a chama se apagou, porém a mornidão é perigosa. A pessoa morna pode ter certeza que é quente enquanto não é.  Pode crer que a chama está queimando, quando na verdade não está. Antes reconheçamos que nossa chama apagou para que assim o Senhor possa acendê-la novamente.
Quando essa chama voltar a queimar, creio que veremos coisas que jamais sonhamos em ver. Sinto algo novo no ar. Sinto que há algo para acontecer nesses dias e acredito que seja algo relacionado com isso. É tempo da chama voltar a queimar.  Que o Senhor sopre sobre nós nesses dias e que juntos, unidos em uma só ira (Atos 4:24), prossigamos para o alvo que é Cristo, a fim de sermos consumidos por completo pelo fogo de Jesus.

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